terça-feira, 17 de setembro de 2019

EXPOSIÇÃO COR É FORMA CELEBRA 45 ANOS DE ARTE DE JOSÉ MESQUITA

Fiel ao abstracionismo, mas sob novas leituras, José Mesquita apresenta obras inéditas na exposição Cor é Forma, a partir desta terça (17/09), no Espaço Cultural Ana Amélia no Hotel Sonata de Iracema. A mostra marca seus 45 anos de arte e a curadoria é assinada pelo artista plástico Jorge Luiz. A visitação é gratuita e acontece diariamente de 7h às 22h.

 Além das criações mais atuais, a mostra reserva um espaço para mostrar alguns trabalhos que representam, cronologicamente, as diversas fases pelas quais José Mesquita passou ao longo dessas mais de quatro décadas. “Essa é uma proposta da curadoria: proporcionar aos visitantes a visualização da trajetória pictórica que me trouxe até aqui”, explica o artista.

Ele lembra que, no início de sua carreira, suas pinturas remetiam ao movimento francês do início do século XX, conhecido como Fauvismo, em que a composição da obra ficava em segundo plano diante das qualidades expressivas a serem criadas a cada leitura e interpretação. Nesse mesmo sentido, se encantou com o expressionismo alemão do Grupo Die Brücke. “Posso assim dizer que essas foram as primeiras influências que me direcionaram para o que pinto hoje”, conta José Mesquita.

Sobre as principais inspirações, o artista acredita que a escritora Clarice Lispector traduz todo esse universo ao definir: “Na arte, a inspiração tem um toque de magia, porque é uma coisa absoluta, inexplicável. Não creio que venha de fora para dentro, de forças sobrenaturais. Suponho que emerge do mais profundo eu da pessoa, do inconsciente individual, coletivo e cósmico”.

“No meu caso, o olhar e o inconsciente que captam – à minha revelia – volumes, texturas, cores, luzes e sombras, das imagens armazenadas na memória ao longo desses anos todos, findando em um conjunto sensorial que irão compor as obras”, diz o artista. Sua arte, sob o olhar do curador, se apresenta como “a mais pura arte brasileira primitivista” na mostra Cor é Forma.

“Por um lado, revela o processo abstrato que não é formal em sua totalidade, mas carregado de gestualismo com seus contornos formais, por outro, nos presenteia com o abstracionismo carregado de lirismo que nos remete a um universo de profusão de cores em processo direto de seu inconsciente intuitivo”, define Jorge Luiz.

Sobre José Mesquita – Determinado a se tornar piloto comercial de linha aérea, o jovem alcançou o seu objetivo e se dedicou à profissão por várias décadas. Quanto ao universo da arte, teve os primeiros contatos ainda criança, por meio do seu pai, que além de General era Engenheiro Civil. No seu escritório, em casa, o jovem Mesquita teve as primeiras noções de traço, volume, perspectiva, cor, luz e sombra.

Em paralelo, surgiram outros interesses, como a literatura, principalmente os grandes clássicos da literatura universal, poesia e filosofia. “No entanto, tanto as imagens vistas do ar, bem como as imaginadas no universo lírico, onírico, concreto, surrealista, da literatura e da poesia, contribuíram para o desenvolvimento da capacidade de materializar em imagens, o que a literatura descrevia, fosse no aspecto cenográfico, fosse no aspecto emocional”, lembra o artista. Assim, ao longo da infância e adolescência, ele costumava retratar “essas invisibilidades”.

Somente em 1974, incentivado pela professora de arte Jane Lane, participou da sua primeira mostra coletiva. “De lá para cá, lá se vão 45 anos e mais de 200 exposições individuais e coletivas, no Brasil e no exterior”, contabiliza o artista. Para ele, Jane Lane foi fundamental para que acreditasse que o que eu produzia tinha qualidade, era arte.

Em 1975 conheceu a mais importante galerista do Ceará, Ignez Fiuza, por meio do artista Gilberto Cardoso. Segundo José Mesquita, Ignez já era um dos nomes mais respeitados na comunidade artística no Brasil, e acompanhou seu trabalho por três anos até o convidar para expor em sua galeria.

Após o encerramento das atividades da Galeria Ignez Fiuza, José Mesquista continuou expondo em galerias no Brasil e no exterior. Nos últimos cinco anos, se dedicou a estudar e desenvolver novas técnicas, experimentar novos materiais e se aventurar por novos caminhos no fazer artístico. “Experiências nunca antes por mim tentadas, foram sendo exploradas, e que me levaram a esse novo caminho que agora exponho pela primeira vez”, conta. E conclui: “O artista que fizer planos para onde caminhará seu trabalho estará condenado a se repetir”.

Foto: Divulgação

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